No relato a seguir apresentarei os fatos mais marcantes ocorridos em nossa expedição para o Mirante do Lajão - Parque Nacional do Caparaó para este CSA144/2010.
Planejamento
A preparação para a Expedição foi um tanto que truncada, pois não contaríamos com a presença do Werther, um escoteiro nato e que se mostra muito importante nos momentos de acampamento. O José Luiz que infelizmente teve que se ausentar e nos deixou órfãos em habilidade técnica. O Brandino que teve problemas particulares e não pode comparecer deixando a equipe com uma mão de obra desqualificada.
Bom, sobraram Pereira (PP1NY) e Renan (PU1ARE). Pereira era o novato no grupo e no concurso. Um senhor de 59 anos e que detem conhecimento de participações em contestes e DX. Renan, esse que vos escreve, a participação em 3 CBs (ano passado o filhote nasceu e eu fiquei em casa trocando fraldas), frequentador das listas, me sentí na obrigação de coordenar a equipe e organizar, na medida do possível, a expedição. Os companheiros de grupo ofereceram equipamentos, coloquei o carro na roda e partimos na sexta-feira para o Caparaó. De Vitória a Pedra menina foram 5 horas de viagem.
A Viagem
Imaginem colocar todas as tralhas para uma expedição em um Fiat Uno 1.0 velho e enfrentar uma estrada das 16h até às 21h. Nosso primeiro objetivo ao chegar em Pedra Menina era conseguir alojamento numa pousada, já que não conseguí fechar contato com nenhuma pousada no entorno do Caparaó. Chegando lá para a nossa surpresa tinha festa na cidade. Campeonato de Ultramaratona. As pousadas estavam superlotadas. Tudo esgotado... Por uma questão de sorte fomos a uma pousada e a dona nos encaminhou para outra, onde o casal proprietário cedeu o seu quarto para nós. Lógico que Pereira dormiu no chão.
A Subida
Começamos a subida e o possante apresentou umas falhas no motor (tá passando óleo)... Paramos e fizemos limpeza nas velas. Continuamos a subida até a entrada do parque. Feita a recepção seguimos para a subida de fato. Muito íngreme em alguns pontos a primeira coisa que pensei em colocar prá fora para aliviar o peso foi o próprio Pereira. Mas mesmo assim o carro teimava em não querer subir. Deixei o gerador prá trás. Conseguí subir até o último topete de morro para chegar ao Mirante do Lajão. E nada... O carro não subia... Nem de ré.. Nem limpando as velas de novo... Pereira foi a pé até o mirante e eu voltei para pedir ajuda.
Voltei até a Macieira e os caras de lá nem se importaram com a gente. Beleza... voltei até o gerador. E lá tava passando um pessoal com uma Ranger. Seu Paulo - um anjo - aceitou levar as tralhas até o mirante (gerador, bombonas de gasolina, fonte de 30 ampéres, caixas de equipamentos, malas, barracas.. uns 150 kg prá mais) o restante foi no uninho... que subiu aliviado.
A Montagem, Desmontagem e Acomodação
Já era 10 horas PT2, Agradecemos bastante o Sr. Paulo, começamos a montagem do acampamento. Imaginei para isso um gazebo durante o dia, uma lona sobre o carro e na lateral do gazebo para cortar o vento. Montamos tudo e o vento começou a piorar. Lá o tempo muda muito rápido. O vento é nordeste e muda prá sul. O céu que estava claro passou a um nevoeiro danado. A temperatura caiu bastante. Decidimos montar a barraca para nos proteger mais. Estaiamos as antenas. Enquanto isso fui até o gerador que estava morrendo. Tirei o carburador fora futuquei o bicho e soprei aqueles canudos até sentir que estava desentupido. Nunca tinha feito isso. Virei mecânico na marra. Depois de tudo instalado, gerador funcionando o vento piorou. E muito. Estava algo até desesperador. Rasgou a lona, quebrou o gazebo, rasgou barraca... as coisas voavam... Pensei até em descer, desistir... A solução foi colocar tudo embolado no porta malas e operar de dentro do carro. Pereira no motorista e eu no carona com a fonte entre meus pés e rádio no porta luvas. Passamos 24 horas naquela posição. Com total desconforto, frio, dores, caimbras...
A Operação
Os contatos foram acontecendo. Rio, Minas e São Paulo em ssb. O linear não funcionou. Acendia a luz de proteção quando apertávamos o PTT. Mesmo com potência baixa. Uma questão para ser resolvida. Era o primeiro conteste dela. Partimos para o sacrifício: 50W, GP9 e direcional. Aliás a Direcional balançava tanto, mesmo estaiada, que decidimos operar apenas com a GP9. Quem iria sair naquele frio para girar antena na mão? Passamos uma tarde e uma noite naquela situação: presos, com frio, fazendo os contatos. Uma saída e outra eventuais para urinar e se esticar e voltar para o carro congelado. Decidimos dormir de 03h às 05h PT2. Estávamos exaustos.
Os Contatos
Acordei às 05h falando:
-Vou sair agora nesse frio para fazer a dança da propagação e aí a gente vai bater o nosso recorde, Pereira.
Ele respondeu:
-Você é louco de ir lá fora agora.
Dei três voltas em torno da estação (no sentido anti-horário) e entoei canto indígena. Liguei o gerador, entrei no carro, tomamos um achocolatado de caixinha e bolacha. E a coisa foi acontecendo. O pessoal de São Paulo foi aparecendo. Minas... Rio (muita gente do Rio!!! Parabéns!!!) Até que POWWWW: PT9PA nos contesta, Contato histórico 1032 Km! Ficamos muito felizes por quebrar nosso recorde de 1030 Km com PY5MJ em 2008 em FM também. Fábio, da ZW1C, foi testemunha auricular do contato qrp 5W entre as duas estações. Nós de GP9 ainda...
Já com a sensação do dever cumprido, quem aparece?? PT9IR que também nos contestou... Aí foi prá quebrar... 1328 Km. Alegria!!! Não deu tempo de fazer QRP com ele também visto o "pile up" que aconteceu em seguida... O êxtase depois de tanto sofrimento deixa a gente abobado...
O nosso muito obrigado ao Pimenta e Irineu. Quase fizemos a PT9ACE.... deixa prá próxima. Obrigado a todos da 9ª Região.
Descida
Lá para as 11h PT2, tiramos as tralhas do carro, arrumamos tudo e colocamos de volta ao porta malas. Depois de limpar as velas de novo, começamos a descida às 12h. Nem deu para despedir do pessoal. Descemos até a portaria, nos despedimos dos guardas que nos deram muita força e apoio à expedição, inclusive arrumando o telefone dos caras que fazem transporte de mulas lá pelo lado de Minas até o Pico da Bandeira. Será um desafio prá gente! Seguimos viagem até Vila Velha para o sono dos justos!
Agradecimentos
Nosso agradecimentos vão para os organizadores e participantes do CSA144/2010, aos que largaram seus afazeres e família para subir montanhas em condições inóspitas e falar em rádio. Meus sinceros agradecimentos aos companheiros que souberam dividir a mesma frequencia (e as próximas com batimentos fortíssimos pelo uso dos lineares) mas sem empurra-empurra. Estamos melhorando cada vez mais. Aprendendo a fazer DX em VHF e a participar de concursos de grande proporção.
Obrigado aos integrantes do GECRE por proporcionar esta expedição. Pela quebra de nosso recorde em VHF DX dentro e fora de concurso.
Muito obrigado por podermos participar disso tudo!
Renan de Almeida - PU1ARE
Pereira - PP1NY
Membros da Estação ZV1AA - CSA144/2010
GECRE - Grupo Expedicionários Capixabas em Rádio Emissão
Planejamento
A preparação para a Expedição foi um tanto que truncada, pois não contaríamos com a presença do Werther, um escoteiro nato e que se mostra muito importante nos momentos de acampamento. O José Luiz que infelizmente teve que se ausentar e nos deixou órfãos em habilidade técnica. O Brandino que teve problemas particulares e não pode comparecer deixando a equipe com uma mão de obra desqualificada.
Bom, sobraram Pereira (PP1NY) e Renan (PU1ARE). Pereira era o novato no grupo e no concurso. Um senhor de 59 anos e que detem conhecimento de participações em contestes e DX. Renan, esse que vos escreve, a participação em 3 CBs (ano passado o filhote nasceu e eu fiquei em casa trocando fraldas), frequentador das listas, me sentí na obrigação de coordenar a equipe e organizar, na medida do possível, a expedição. Os companheiros de grupo ofereceram equipamentos, coloquei o carro na roda e partimos na sexta-feira para o Caparaó. De Vitória a Pedra menina foram 5 horas de viagem.
A Viagem
Imaginem colocar todas as tralhas para uma expedição em um Fiat Uno 1.0 velho e enfrentar uma estrada das 16h até às 21h. Nosso primeiro objetivo ao chegar em Pedra Menina era conseguir alojamento numa pousada, já que não conseguí fechar contato com nenhuma pousada no entorno do Caparaó. Chegando lá para a nossa surpresa tinha festa na cidade. Campeonato de Ultramaratona. As pousadas estavam superlotadas. Tudo esgotado... Por uma questão de sorte fomos a uma pousada e a dona nos encaminhou para outra, onde o casal proprietário cedeu o seu quarto para nós. Lógico que Pereira dormiu no chão.
A Subida
Começamos a subida e o possante apresentou umas falhas no motor (tá passando óleo)... Paramos e fizemos limpeza nas velas. Continuamos a subida até a entrada do parque. Feita a recepção seguimos para a subida de fato. Muito íngreme em alguns pontos a primeira coisa que pensei em colocar prá fora para aliviar o peso foi o próprio Pereira. Mas mesmo assim o carro teimava em não querer subir. Deixei o gerador prá trás. Conseguí subir até o último topete de morro para chegar ao Mirante do Lajão. E nada... O carro não subia... Nem de ré.. Nem limpando as velas de novo... Pereira foi a pé até o mirante e eu voltei para pedir ajuda.
Voltei até a Macieira e os caras de lá nem se importaram com a gente. Beleza... voltei até o gerador. E lá tava passando um pessoal com uma Ranger. Seu Paulo - um anjo - aceitou levar as tralhas até o mirante (gerador, bombonas de gasolina, fonte de 30 ampéres, caixas de equipamentos, malas, barracas.. uns 150 kg prá mais) o restante foi no uninho... que subiu aliviado.
A Montagem, Desmontagem e Acomodação
Já era 10 horas PT2, Agradecemos bastante o Sr. Paulo, começamos a montagem do acampamento. Imaginei para isso um gazebo durante o dia, uma lona sobre o carro e na lateral do gazebo para cortar o vento. Montamos tudo e o vento começou a piorar. Lá o tempo muda muito rápido. O vento é nordeste e muda prá sul. O céu que estava claro passou a um nevoeiro danado. A temperatura caiu bastante. Decidimos montar a barraca para nos proteger mais. Estaiamos as antenas. Enquanto isso fui até o gerador que estava morrendo. Tirei o carburador fora futuquei o bicho e soprei aqueles canudos até sentir que estava desentupido. Nunca tinha feito isso. Virei mecânico na marra. Depois de tudo instalado, gerador funcionando o vento piorou. E muito. Estava algo até desesperador. Rasgou a lona, quebrou o gazebo, rasgou barraca... as coisas voavam... Pensei até em descer, desistir... A solução foi colocar tudo embolado no porta malas e operar de dentro do carro. Pereira no motorista e eu no carona com a fonte entre meus pés e rádio no porta luvas. Passamos 24 horas naquela posição. Com total desconforto, frio, dores, caimbras...
A Operação
Os contatos foram acontecendo. Rio, Minas e São Paulo em ssb. O linear não funcionou. Acendia a luz de proteção quando apertávamos o PTT. Mesmo com potência baixa. Uma questão para ser resolvida. Era o primeiro conteste dela. Partimos para o sacrifício: 50W, GP9 e direcional. Aliás a Direcional balançava tanto, mesmo estaiada, que decidimos operar apenas com a GP9. Quem iria sair naquele frio para girar antena na mão? Passamos uma tarde e uma noite naquela situação: presos, com frio, fazendo os contatos. Uma saída e outra eventuais para urinar e se esticar e voltar para o carro congelado. Decidimos dormir de 03h às 05h PT2. Estávamos exaustos.
Os Contatos
Acordei às 05h falando:
-Vou sair agora nesse frio para fazer a dança da propagação e aí a gente vai bater o nosso recorde, Pereira.
Ele respondeu:
-Você é louco de ir lá fora agora.
Dei três voltas em torno da estação (no sentido anti-horário) e entoei canto indígena. Liguei o gerador, entrei no carro, tomamos um achocolatado de caixinha e bolacha. E a coisa foi acontecendo. O pessoal de São Paulo foi aparecendo. Minas... Rio (muita gente do Rio!!! Parabéns!!!) Até que POWWWW: PT9PA nos contesta, Contato histórico 1032 Km! Ficamos muito felizes por quebrar nosso recorde de 1030 Km com PY5MJ em 2008 em FM também. Fábio, da ZW1C, foi testemunha auricular do contato qrp 5W entre as duas estações. Nós de GP9 ainda...
Já com a sensação do dever cumprido, quem aparece?? PT9IR que também nos contestou... Aí foi prá quebrar... 1328 Km. Alegria!!! Não deu tempo de fazer QRP com ele também visto o "pile up" que aconteceu em seguida... O êxtase depois de tanto sofrimento deixa a gente abobado...
O nosso muito obrigado ao Pimenta e Irineu. Quase fizemos a PT9ACE.... deixa prá próxima. Obrigado a todos da 9ª Região.
Descida
Lá para as 11h PT2, tiramos as tralhas do carro, arrumamos tudo e colocamos de volta ao porta malas. Depois de limpar as velas de novo, começamos a descida às 12h. Nem deu para despedir do pessoal. Descemos até a portaria, nos despedimos dos guardas que nos deram muita força e apoio à expedição, inclusive arrumando o telefone dos caras que fazem transporte de mulas lá pelo lado de Minas até o Pico da Bandeira. Será um desafio prá gente! Seguimos viagem até Vila Velha para o sono dos justos!
Agradecimentos
Nosso agradecimentos vão para os organizadores e participantes do CSA144/2010, aos que largaram seus afazeres e família para subir montanhas em condições inóspitas e falar em rádio. Meus sinceros agradecimentos aos companheiros que souberam dividir a mesma frequencia (e as próximas com batimentos fortíssimos pelo uso dos lineares) mas sem empurra-empurra. Estamos melhorando cada vez mais. Aprendendo a fazer DX em VHF e a participar de concursos de grande proporção.
Obrigado aos integrantes do GECRE por proporcionar esta expedição. Pela quebra de nosso recorde em VHF DX dentro e fora de concurso.
Muito obrigado por podermos participar disso tudo!
Renan de Almeida - PU1ARE
Pereira - PP1NY
Membros da Estação ZV1AA - CSA144/2010
GECRE - Grupo Expedicionários Capixabas em Rádio Emissão
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